segunda-feira, 15 de junho de 2009

Um olhar crítico sob os filmes da mostra


Nos dias 8, 9 e 10 deste mês aconteceu na faculdade Estácio BH a 4ª mostra de cinema , os filmes exibidos para o turno da noite tiveram como destaque:
Segunda – Feira dia 08 - O romance “São Bernardo”, do escritor alagoano Graciliano Ramos, onde o personagem principal do romance é Paulo Honório. Homem rude-Isso porque “São Bernardo” constrói-se em duplo plano. O primeiro é a tomada da propriedade São Bernardo por seu principal personagem; depois, o casamento de Paulo Honório com Madalena. Em comum, todos são, em relação a ele, objetos. Não importa se Madalena seja uma pessoa. Não importa o passado da fazenda São Bernardo – aos seus olhos, ambas são suas propriedades.
Num primeiro momento, a posse da propriedade; num segundo, a posse da futura esposa. Sem maiores considerações, pouco importa sua vontade quanto ao casamento. O que confere autenticidade ao discurso e o tom imperativo que apenas é retrucado pelas submissas respostas de Madalena.
E conforme o romance avança, as diferenças entre ele e sua esposa serão cada vez mais acentuadas. Se pela perspectiva de Paulo Honório existe a vontade flagrante de “corrigir” aquilo que foge ao seu poder de dominação e anulação, Madalena age na trama de maneira justamente inversa. Ele é bruto; ela é compreensiva. Ele agride os empregados por motivos mesquinhos; ela compreende a injustiça de tais agressões.
E isso incomoda e perturba o espírito de Paulo Honório. Como ele mesmo diz, passa por essas atitudes a sentir ciúmes da própria esposa. A razão para tanto é que Madalena não se submete à sua vontade, que é, em último caso, transformá-la em coisa, objeto manipulável. E Madalena resiste e não demonstra interesse em ceder.
Madalena, ao não se sujeitar, gera ciúmes em Paulo Honório, justamente por não se considerar propriedade – e a idéia de ciúmes passa pela idéia de força, pois ela é capaz de fugir da sua imposição de superioridade do marido. E isso é, para ele, uma afronta. Dessa forma, “São Bernardo” unifica-se em todos os seus níveis pela existência do direito de propriedade, o que é, para Graciliano Ramos, o direito de mando.
Madalena tenta, mas são forças que transcendem sua vontade. Morre e com a morte da esposa, Paulo Honório parece perceber a dimensão da própria loucura. A impotência toma conta do seu corpo. Ele não anda por entre os cômodos da fazenda – suas pernas carregam-no. Apenas o relógio na parede corre à revelia, e o tempo parece soterrá-lo.

Já na Terça dia 09 – foi a vez do filme Quantum Off Salace, Finalmente a franquia 007 voltou a ser de filmes legais, muita ação, carros destruídos, vilões plausíveis, tiros e o Bond além de não falar o bordão ( "Meu nome é Bond... " ) ainda fica com o cabelo despenteado e com a cara cheia de cicatrizes o tempo todo.
Diversão garantida. E e claro que o exagero hollywoodiano não poderia faltar .OO7 é traído por Vesper, a mulher que amou, ele luta contra o impulso de tornar pessoal sua última missão. Em sua determinação de descobrir verdade, Bond e M interrogam Mr. Withe que revela que a organização que chantageou Vesper é muito mais complexa e perigosa do que seria possivel imaginar. Informações forences vinculam um traidor do Mi6 a uma conta bancária no Haiti, onde um erro de identidade apresenta a Bond a bela e agressiva Camille, uma mulher que já possui sua vendeta particular. Camille leva Bond diretamente a Dominic Greene, um empresário cruel e importante peça da misteriosa organização.



E na quarta, último dia do evento, a exibição contou com o filme "Romance".. Os elementos amor, paixão, traição e sofrimento, presentes o tempo todo no filme, não são apenas comuns nas novelas do cotidiano mas também na literatura mundial de todos os tempos. E mesmo que muitos nunca tenham ouvido falar em “Tristão e Isolda”, a tragédia não soa pesada nas mãos de Guel Arraes, que desenvolveu o roteiro com Jorge Furtado.
Os protagonistas são artistas de visões diferentes: Pedro é cria de teatro, e é nele que se sente em casa, em São Paulo. Ana se curva aos encantos da popularidade que a produção de uma novela, no Rio, lhe dá enquanto dá vida a sua Isolda numa montagem de Pedro. Cidades e visões diferentes de futuro se misturam a ciúme, insegurança… e este é apenas o início da história. Eu receava pelo final, mas foi resolvido da melhor forma.
Numa fase em que a grande maioria dos (ótimos) filmes brasileiros é densa, “Romance” tem uma leveza que para alguns pode até parecer incompatível com a tragédia literária que guia o roteiro – e que salva o filme de se tornar hermético para o grande público: não há dificuldades de entendimento e a empatia é imediata. O elenco é um grande acerto: a ótima Letícia Sabatela mostra-se mais ousada, José Wilker está no tom certo, e Vladimir Brichta mostra grande talento sem cair na armadilha da caricatura e sem perder a graça.
Três destaques abrilhantam o longa. Brilham Andréa Beltrão – voando alto e bem longe de seus personagens mais recentes da TV – e o grande Marco Nanini, em participação pequena mas arrebatadora. Mas é Wagner Moura que merece todos os louros: está soberbo em um difícil papel onde Tristão é apenas um dos múltiplos personagens em que o artista ao mesmo tempo se afoga e se salva. Mais uma vez, o espectador que não tem o costume de ir ao cinema – e que somente viu “Paraíso Tropical” (na TV) ou “Tropa de Elite” (no boom da polêmica e da pirataria) – vai se surpreender com a versatilidade e o talento transbordante deste grande ator. Recomendo!



Veja imagens dos filmes:


domingo, 7 de junho de 2009

4ª Mostra de Cinema Comentado da Estácio-BH





















Você gosta de cinema?

Se sua resposta for Sim, então preste atenção na dica de uma ótima oportunidade para degustar filmes de qualidade e ainda ouvir comentários de vários críticos feitos por profissionais mais gabaritados do Brasil.
O primeiro dia, segunda-feira pela manhã, dia 08/06, será exibido o filme “O Prisioneiro da Grade de Ferro”, do diretor Paulo Sacramento, e à noite, às 19h, a exibição do filme  “São Bernardo”, de Leon Hirszman.O filme se passa no interior de Alagoas, o filho de camponeses Paulo Honório, é um mascate que perambula pelo sertão a negociar com redes, gado, imagens, rosários e miudezas. Cria uma obsessão, arrancar a fazenda São Bernardo das mãos de seu inepto dono, o endividado Luiz Padilha, transformando este em seu empregado. Alcançando finalmente seu objetivo e, com muita astúcia e violência, Paulo Honório faz a fazenda prosperar e torna-se temido pelos empregados e fazendeiros vizinhos. Nesse momento, ele sente que precisa constituir família e vê essa possibilidade na professora esquerdista Madalena, a quem convida para visitar a fazenda. Casam-se, mas o humanismo e sensibilidade da professora se chocam com a rudeza de Paulo Honório, ficando no ar a suspeita de que ela o trai, física e politicamente. Daí por diante, Paulo Honório passa a viver dentro de um clima de ciúme motivado por sua imaginação possessiva. Um dia, descobre uma folha de papel na qual reconhece a letra de Madalena. Pensa que é parte de uma carta para um amante. Discutem e Madalena suicida-se. Honório é então um homem arrasado, torturado pelas dúvidas, solitário. No fim da vida, escreve suas memórias.

O evento acontecerá na Estácio BH, no auditório JK, e já está na sua 4ª edição e contará com a presença de profissionais da área de cinema. Você não vai perder um evente assim vai?

Confira abaixo a programação com datas, horários e os nomes dos profissionais que irão comentar sobre os filmes:

Segunda – 8 de junho

8h – “O Prisioneiro da Grade de Ferro” (2004), de Paulo Sacramento. Comentado por Carlos Henrique Santiago, jornalista, ex-presidente do Centro de Estudos Cinematográficos (CEC) e crítico de cinema.

19h – “São Bernardo” (1972), de Leon Hirszman. Comentado por Marcelo Miranda, jornalista e crítico de cinema dos jornais “O Tempo” e “Pampulha”.

Terça – 9 de junho
8h30 – “Eu, Você e Todos Nós” (2006), de Miranda July. Comentado por Clarisse Alvarenga, jornalista e mestre em Multimeios pela Unicamp. É pesquisadora e realizadora no campo Audiovisual

19h – “Quantum of Solace” (2008), de Marc Foster. Comentado por José Ricardo, crítico de cinema e mestrando em Cinema pela UFMG
Quarta – 10 de junho

8h – Cinema Paradiso (1988), de Giuseppe Tornatore. Comentado por Marcelo La Carreta, bacharel e mestre em Cinema pela UFMG, professor de Técnicas Audiovisuais, cineasta, animador e videocompositor.

19h – “Romance” (2008), de Guel Arraes. Comentado por Ivete Walty, professora da Faculdade de Letras da UFMG e doutora em Literatura Comparada pela USP.

Vale lembrar que, antes da exibição dos filmes, os alunos dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, apresentarão ao público trabalhos produzidos por eles nos laboratórios da Faculdade Estácio de Sá BH.

Não percam!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

J quest, a banda mineira de maior sucesso no país









Ouça sobre a banda:


luciano - luciano





No início dos anos 90, mais precisamente 1993, o rock brasil começava a ferver novamente. Depois de alguns anos de um certo vazio ou de ressaca para a música pop no Brasil, bandas como os Raimundos, Planet Hemp e Skank começavam a ganhar destaque nacionalmente.

Enquanto isso, em Belo Horizonte, o momento era propício .Bandas de todos os tipos, tocando em todos os lugares. Festas universitárias, galpões alternativos, é deste mix musical que surgiu o Jota Quest. Os primeiros ensaios contavam com Paulinho Fonseca na bateria, PJ no baixo e Marco Túlio Lara na guitarra, depois intregrou-se ao grupo Marcio Buzelin no teclado e por último Rogério Flausino o atual vocalista da banda.

A banda se encontrou o estilo numa mistura sonora entre black music ao rock e ao pop. Essa mistura tornou-se então o grande diferencial de sua música e mergulhados nesse ambiente quente da capital mineira, ao longo dos anos de 94 e 95.O “J.Quest” constrói repertório e sonoridade próprias e, no segundo semestre de 95, registram suas canções em seu primeiro álbum independente o “J.Quest”. O CD tornou-se o passaporte para que após assinar contrato com a Sony Music, os mineiros embarcassem para São Paulo para a gravação de seu primeiro CD por uma grande gravadora.

Já em 1996, o grupo traz o que a banda havia acumulado na bagagem ao longo de seus primeiros anos de estrada. A participacão de Toni Tornado, ícone da black Brasil nos anos 70, foi uma grande contribuição. A partir dai, pela primeira vez, a banda rodaria o país de ponta a ponta, promovendo o seu primeiro álbum e conquistando milhares de fãns. A vocação para estrada era evidente e a popularidade aumentava a cada dia. Nas apresentações ao vivo, o grupo sempre se mostrou contagiante e vigoroso, uma das qualidades aprovadas pelo público.

A partir do segundo CD - De Volta ao De Volta ao Planeta – de 1998, o grupo Jota Quest apresentava uma sonoridade mais diversa. Canções, rocks e o pop aliaram-se ao groove do primeiro álbum e, ao final de dois anos de turnê, o CD atinge a marca de 800 mil copias vendidas. Os resultados positivos, a mistura sonora e a identidade marcante apontavam para o que viria a ser uma longa e grata carreira vitoriosa. E o resultado é o que conhecemos hoje, uma das bandas de maior sucesso no Brasil e no mundo.